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Este é o meu canto cultural. Onde escrevo sobre a tecnologia que me rodeia, a internet, a música. Os livros que leio e tudo o que está à minha volta e me interessa.
Uma dúvida que se coloca em muitos de nós, é ponderar a possibilidade de emigrar, de preferência para um país emergente, porque confiantes das nossas capacidades achamos que facilmente teremos sucesso e a adaptção é uma coisa secundária que facilmente se supera.
É comum, pessoas mais velhas nos dizerem: "Se tivesse a sua idade ia para o Brasil, ou para Moçambique, etc."
Há algumas coisas que não gosto em Portugal e que me dão vontade de ir embora. Por outro lado sou português e sair de Portugal gera em mim o sentimentos que estou a abandonar todos, nomeadamente a família.
Valerá a pena abandonar tudo, para viver uma vida mais descansada economicamente, por conseguir receber o dobro (dobro da PPC)?
Na Antena1 costuma dar umas entrevistas rápidas a portugueses que estão pelo mundo. Essas entrevistas são todas parecidas e por norma a última pergunta é "Do que é que tem mais saudades em Portugal?"
Mais de 75% referem sempre as seguintes coisas:
- Família
- Comida
- Mar
- Sol
Menos popular, mas também amíude, amigos e esplanadas.
Por esta amostra se vê, que uma mudança deste calibre requer uma adaptação com uma mudança brusca de hábitos. Eu gosto de Portugal e gosto de muitos portugueses. Acho que temos excelentes profissionais, excelentes empresas, inúmeros casos de associativismo e bondade, e de forma geral boas pessoas.
Porém, há coisas em Portugal que desanimam, sendo que as principais são a má política, o mau jornalismo, falta de educação e falta de cultura.
A democracia que temos é o melhor sistema que se conhece, mas somos governados por interesses partidários, tenho sempre a sensação que os interesses dos partidos são sempre postos à frente dos interesses do país, principalmente quando os partidos estão na oposição. Fica a sensação que a oposição serve para destruir, destruir, destruir.
Acredito que em Portugal há bons jornalistas, mas o jornalismo que vemos em Portugal não passa dum papaguear de notícias da lusa e de outros sem qualquer confirmação de fontes e investigação. Claro que a culpa não é do jornalista - um jornalista cujas ferramentas de trabalho é um portátil e 20 euros em chamadas telefónicas dificilmente consegue fazer mais.
Não existe em Portugal uma noção do sistema político. Os portugueses tendem a pensar que existe uma entidade etérea chamada Estado que faz aparecer coisas que não custam dinheiro e todos os impostos que pagamos são para os políticos gastar em hóteis. Gostava que tivessemos mais noção que ter polícia, escolas, exército, subsídios disto e daquilo, custa dinheiro. E esse dinheiro não sai dum pote mágico, temos de o pagar. Já desisti de discutir estes assuntos com pessoas cujo único argumento é o Estado tem muito dinheiro. Claro que há imensos despedícios (e não devia haver), mas as pessoas têm de entender que o desperdício não é a fatia maior do bolo.
Continua a haver pessoas (e por culpa dos políticos) que ainda não entendeu que o país gasta mais dinheiro do que os impostos que recebe. Que a troika existe porque NINGUÉM nos emprestava dinheiro. Que os últimos que nos emprestaram dinheiro pediam 17% de juros. Que o país estava a caminhar para a bancarrota como qualquer empresa que tem mais gastos do que rendimentos.
Os portugueses estão a lidar mal com a crise, e a viver em constante alarmismo e revolta, muitas vezes não justificada. (Mas lá está, muitas vezes impolada pelos jornalistas). O que até gera alguma hipocrisia. Assim de repente basta ver o caso Isabel Jonet, e o caso da miúda do blog de moda, que tem o primeiro emprego a ganhar 700 euros e espera juntar para comprar uma mala Chanel. Um desejo.
Agora tempos de viver todos num espírito miserabilista?
Tudo isto são coisas que se ultrapassam, que temos de ir mudando, não queremos viver num país de burros.
Eu acho que Portugal é um país com pessoas inteligentes, que tem das melhores coisas do mundo: Segurança. É bom sair à rua. Pensem bem nisso antes de pensar ir para o Brasil ou África.
Vamos para a frente.