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A malta do casaco

por Nuno Saraiva, em 20.07.04

Acontece diversas vezes, e este ano tem-me acontecido muitas, estar um dia de sol descomunal, perto de trinta graus e haver malta em Lisboa que parece que gosta de andar carregada com casacos e camisolas.

Tinha uma teoria e vim a confirmá-la.

É que as pessoas que vão para ou saem cedo de Sintra, andam agasalhadas. Se ao entrarmos nos restauradores no comboio olharmos à volta, concluímos que quanto mais perto de Sintra estamos maior é a proporção de pessoas com cascos. Nas últimas estações, os outsiders já são os que estão de manga curta.

Ainda neste sábado andei a passear por Lisboa com um calor abrasador e eu de polo de manga comprida na mão.

É que quando saí de casa, às 8.30, o tempo estava incoberto e frio.. Como mostra a foto.

Sol??? Só lá ao fundo, para lá do Cacém...

Estas nuvens mantêm-se durante muito tempo e depois das 19, cá me esperam, acompanhadas duma humidadezinha de certeza.

Por isso, às vezes, mesmo quando está quarenta graus, há malta com casaco.

Não é bimbice, são inevitabilidades da malta do casaco.


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publicado às 08:17


Arlete Reis

por Nuno Saraiva, em 17.07.04
Respondendo à questão de Manuel João nos comentários neste post (Saudades):



Não encontrei nenhuma referência a qualquer publicação de Arlete Reis.

O que pude apurar é que Arlete Reis era de Lisboa mas desde os onze anos que foi viver para Colares. Deve ter nascido nos anos 10 e falecido nos anos 80.



Escreveu diversas vezes letras para Ranchos Folclóricos, para a Marcha de Colares e foi a grande responsável pelos textos do grupo de teatro A Rosa, grupo amador saloio que fez furor nos anos 40/60 na região.



Assinou durante muitos anos uma coluna no Jornal de Cintra (então "Jornal de Cintra") sob o pseudónimo de Repórter Colarense



É tudo o que pude apurar, pelo que acho díficil encontrar mais algum poema "puro" de Arlete Reis, encontrar-se-á provavelmente poemas e quadras temáticas feitos para os ranchos ou para a Marcha.

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publicado às 13:07


MÜLLER

por Nuno Saraiva, em 17.07.04
Heiner Müller escreveu a frase mais forte e romântica que alguma vez li





Quando eu estiver morto

Meu pó gritará por ti

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publicado às 13:01


Eu sou o anjo do desespero

por Nuno Saraiva, em 17.07.04
Vinha no comboio a ler uns poemas de Heiner Müller, traduzidos, quando este me fez recordar a imagem posta no Abrupto em 25/6/2004

Fica a imagem e o poema




Eu sou o anjo do desespero. Das minhas mãos distribuo a embriaguês, a estupefacção, o esquecimento, gozo e tormento dos corpos. Meu discurso é o silêncio, meu canto o grito. À sombra das minhas asas mora o terror. Minha esperança é o último suspiro. Minha esperança é a primeira batalha. Eu sou a faca com que o morto arromba o seu caixão. Eu sou aquele que será. Meu descolar é a sublevação, meu céu o abismo de amanhã.

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publicado às 12:34


Saudades

por Nuno Saraiva, em 15.07.04
Saudade é flor roxa pequenina

Que ao nascer no jardim do coração

É a planta que o Senhor destina

Ao canteiro da separação



Em árido cantinho ela se fina

Açoitada pelo vento da paixão

E embalada nessa voz divina

Dessa outra flor: a ilusão



A florzinha a que chamo saudade

Pode vir do amor ou da amizade

Que só a vista mata a sua dor



Saudade é estar de ti ausente

É esta dor que o meu coração sente

Por não te ver jamais, oh meu amor!





Poema de Arlete Reis..



To LUCY!

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publicado às 13:26


Palhaço

por Nuno Saraiva, em 15.07.04
Palhaço, está na hora

De Você sair p'ra rua

Não chore...




(Em Um grande acto de variedade - O Grupo da Rosa (Março de 1941))

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publicado às 13:23


Sonhos

por Nuno Saraiva, em 15.07.04
Há sonhos e sonhos



Uns sonham partir, viajar por esse mundo fora. Umas vezes para encontrar a paz espiritual partindo em peregrinações, outras para conhecerem pessoas por todo o mundo, procurando comunidades com as quais se identificam politica e culturalmente. Outros a mostrar a sua arte, fazendo quadros, fazendo rir.



Os outros sonham em ter uma casa com jardim, com relva e com um muro branco à volta. Sonham pertencer a uma comunidade boa. Sonham viver sossegados junto da estabilidade de estar perto da família que gosta de nós. Olhando da sua janela "real, televisiva, de rede" o mundo à sua volta. Devorando livros e estundando tanto que ainda há por estudar.



Já vi por vezes partir amigos, já conheci viajantes. Já pensei que me poderia arrepender um dia de ser uma pessoa que gosta de estabilidade, mas chego à conclusão que somos todos diferentes: a pirâmide das necessidades de Maslow é mesmo diferente para cada indivíduo..



Por haver quem parte, quem fica e quem está, vale a pena ser feliz neste mundo.

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publicado às 13:20


Foto

por Nuno Saraiva, em 14.07.04
Para aqueles que querem conhecer a carinha do gato, aqui vai uma foto onde eu estou...

Parece ser díficil ver-me, mas eu estou lá... estou estou!


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publicado às 08:19


Novo sistema de comentários

por Nuno Saraiva, em 13.07.04
A pedido de várias famílias mudei o sistema de comentários.. Agora já não há desculpa para não comentar e me botar acima ou abaixo ;)



Dado que o que mais prazer dá a um bloguista são os comentérios, quem por aqui passar que deixe um Olá, ou um adeus, ou um não gostei...

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publicado às 13:44


História de Colares

por Nuno Saraiva, em 09.07.04
Hoje estou um bocado telúrico... Apetece-me publicitar a minha terrinha, linda para viver...



Colares hoje é prodiga em vivendas, e nascem vivendas em tudo o que é canto, mas outrora, há 40, 50, 100 anos, Colares foi muito importante na economia lisboeta..


Eram famosos, os vinhos, as maçãs e os pêssegos-rosa de Colares.. Estes últimos lembro-me de comer alguns quando era miúdo, com um sabor como nunca mais vim a encontrar.. Colares era o grande centro agrícola da região, e as mulheres de Colares iam para a Praça de Ribeira vender os seus produtos (cultivados pelas suas famílias). Havia uns distribuidores (os mais conhecidos eram os Irmãos Baetas, que mais tarde viriam a fundar os supermercados Baeta) que levavam para venda os produtos dos agricultores mais pequenos, e em troca compravam os bens que estes não tinham acesso a comprar: Arroz, petróleo, farinha, etc. Os vinhos ganharam muita fama e atraíram muita gente (O livro O Mistério na Estrada de Sintra de Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão, conta a história de um fidalgo que foi a Colares comprar vinho).



Um facto que apenas descobri no passado inverno, é que na altura, o mercado da ribeira era quase totalmente dominado por vendedoras de Colares, de tal modo que a palavra colareja, que numa primeira interpretação significa mulher de Colares, enraizou-se na lingua portuguesa como o que no calão designamos "mulher da praça" ou "peixeira".


Segundo o dicionário Universal da Texto Editora:


colareja: de Colares, n. pr.

s. f., mulher que vende frutas e hortaliças nos mercados de Lisboa;

regateira;

mulher que discute grosseiramente.




Aqui fica a história "oficial" da vila de Colares:


Nas faldas da serra de Cintra, uma legua ao oeste da villa d'este nome, está sentada a villa de Collares à sombra de frondosos arvoredos. Pela encosta da serra sobranceira à povoação vão subindo algumas casas, quintas, e mattas de castanheiros. Inferior à villa estende-se um fertil valle, denominado a Varzea, todo coberto de pomares, e cortado pelo rio das Maçãs, que vae desaguar no oceano d'ahi uma legua. É pois sobremodo amena e deliciosa a situação de Collares.

Quanto à sua origem pouco se sabe, só sim que é muito antiga, e que já existia no tempo dos romanos, porque d'isto dão testemunho muitas medalhas e inscripções romanas, que ahi teem sido encontradas.

Tambem não consta o que passou sobas diversas dominações, a que esteve subjeita a Lusitania depois da queda do imperio romano. Provavelmente viu-se livre do jugo sarraceno ao mesmo tempo que a sua visinha Cintra, que foi resgatada por D.Affonso Henriques.

El.rei D.Diniz deu foral a esta villa em Maio de 1255. D.João I fez doação d'ella ao condestavel D.Nuno Alvares Pereira em Agosto de 1385. Depois, passando successivamnete a differentes netos d'este heroe, veiu a pertencer à infanta D.Beatriz, mãe d'el-rei D.Manuel, pela morte da qual entrou Collares outra vez no dominio da coroa. Este ultimo monarcha deu-lhe então novo foral em Novembro de 1516, augmentando-lhe muito os antigos privilegios.

Sobre a etymologia do nome de Collares, parece melhor opinião a que o deriva dos dois collos ou collinas, sobranceiros à Varzea, em que a villa está edificada.

Collares teve tambem o seu antigo castello, e tão antigo que nada se sabe ao certo relativamente à sua fundação. No reinado d'el-rei D.Sebastião, e ja anteriormente, o senado da camara servia-se d'elle para diversos usos do ministerio publico. Porém no tempo dos Filippes de Castella, querendo D.Diniz de Mello e Castro, que foi bispo de Leiria, de Vizeu, e da Guarda, estabelecer n'esta villa a sua residencia, pediu e alcançou a posse do castello, que logo transformou em um palacio, juntando-lhe uma bella quinta, actualmente pertencentes a seus herdeiros.

D'esta fortaleza provavelmente procedem as armas da villa, que são um castello entre arvores.

Tem Collares uma só parochia dedicada a Nossa Senhora da Assumpção.

A casa da misericordia foi fundada por D.Diniz de Mello e Castro.

Nas proximidades da villa, em logar plano, mas um pouco mais alto, está o edificio do extincto convento de Sant'Anna, que pertenceu aos religiosos carmelitas. Deu principio a esta fundação frei Constantino Pereira, que morreu em 1465, e era sobrinho do condestavel D.Nuno Alvares Pereira. Na capella-mór da egreja está sepultado o seu padroeiro, o bispo D.Diniz, e n'outras sepulturas, em um carneiro, e em dois tumulos de marmore, varias pessoas da sua familia, entre as quaes se contam Antonio de Mello e Castro, e seu filho Caetano de Mello e Castro, ambos vice-reis do estado da India.

Não muito distante de Collares, junto ao oceano, ergue-se a ermida da Peninha sobre um elevado rochedo. Diz a lenda, que, no tempo de D.João III, andando uma rapariga muda a pastorear n'esta serra varias ovelhinhas, lhe fugira uma, e depois de procurar, e apparecendo-lhe então ahi Nossa Senhora lhe deu falla. A narração do caso attrahiu logo áquelle sitio todos os povos das visinhanças. Descobriu-se entre as fendas da rocha uma imagem da Virgem, feita de pedra, que immediatamente foi transportada para uma antiga ermida de S.Saturnino, perto d'ahi. Desapparecendo, porém, a imagem por tres vezes, e indo-se sempre achar na mesma penedia, sobre esta se lhe construiu ao principio uma pobre ermida, que no anno de 1673 foi desfeita, e em seu logar edificou a actual Pedro da Conceição, gastando n'ella uma boa herança, que recebera, e fazendo-se ermitão de Nossa Senhora. É o templo pequeno e de humilde apparencia no exterior, porém interiormente é rico de materiaes e d'arte, pois que todas as paredes e o altar-mór são de marmores de côres em obra de mosaico. Os marmores foram tirados da mesma serra, a pouca distancia da ermida. este santuario é ainda hoje de bastante devoção, e concorrencia, porém outr'ora affluia ali muito maior numeros de fieis, e era visitado de muitos cirios e romagens.

Pouco adiante de Collares fica o logar de Almocegeme, e perto d'ahi duas curiosidades naturaes dignas de se ver: a Pedra d'Alvidrar sobre o oceano, e o Fojo mais no interior.

A villa de Collares é cercada de muitas e formosas quintas, das quaes só especialisaremosa de rio de Milho por encerrar a mais gigantesca e vicosa camelia, que ha em toda a Estremadura.

O sitio chamada a Varzea é dos mais lindos e amenos dos arrebaldes da villa. As aguas do rio das Maçãs, represadas ahi em uma ponte de pedra, deixam gosar o prazer de navegar-se em um pequeno barco, que ali ha para esse fim, pelo rio acima até certa distancia, sempre entre pomares, e debaixo de copado arvoredo.

A uma legua da villa está a praia das Maçãs sobre o oceano, onde termina o rio d'este nome, e o valle de Collares. Vão ali muitas famílias tomar banhos do mar na estação propria.

O termo de Collares produz grande abundancia de excellentes fructas, que abastecem a capital, e se exportam para Inglaterra, e de vinhos, que são estimados, e se assimilham aos de Bordeus.

Extrato do livro "As Villas de Cintra"



Nota póstuma: sempre vivi com a idéia que os habitantes de Colares eram colarenses, mas há uns anos alguém me argumentou que a palavra correcta era colarejos.

Segundo o dicionário Universal, colarense, não existe e define colarejo como:


adj., que é de Colares ou que lhe diz respeito;

s. m.,natural ou habitante de Colares.


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publicado às 18:44



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