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Colares e os seus padroeiros...

por Nuno Saraiva, em 30.08.04
Nossa Sra. Da Assunção é a padroeira da vila e da Paróquia. Com festa religiosa a 15 de Agosto (feriado exactamente para celebrar a Assunção de Nossa Senhora ao Céu).

No entanto nem sempre foi assim. Pelo que tem sido estudado, encontram-se referências mais antigas que falam da igreja principal de Colares como sendo a da Nossa Senhora da Misericórdia.

No próprio arquivo da igreja, basicamente em testamentos de pessoas com algum poder económico, é referida a igreja paroquial como igreja de Nossa Senhora da Misericórdia.

seendo enterrar o meo corpo em Santa Maria de Mjsericordia(1442, testamento de Afonso Gonçalves)

mando Emterrar o meu corpo dentro na jgreja de santa marja de mjsericordia da dicta villa onde estaa hua quanpaa com o meu nome (1502, testamento de João Cinfães)

Curiosamente as referências cristãs mais antigas encontradas acerca de Colares são precisamente sobre Nossa Senhora de Milides. Figura desconhecida da maioria da população e normalmente esquecida em Colares.

A ermida de Milides provavelmente nasceu sob no inicio do passado milénio assim que chegaram os Cristãos à zona. Crê-se que quando os Cristãos conquistaram a zona de Sintra não foram dali expulsos os mauritanos e durante toda a baixa idade média ali viveu essa comunidade: os mouros forros de Colares

Os Cristãos acabaram por se fixar no termo desta população e ali erigiram uma ermida. A origem deste templo, devotado a Nossa Senhora de Milides, prende-se com a lenda que atribui a sua fundação a um pequeno grupo de cavaleiros que, perante um numeroso exército sarraceno, vacilaram: apareceu-lhes então, a Virgem que os incitou ao combate dizendo-lhes: “Ide que mil ides”, inspirados pela Senhora, lançaram-se em dura peleja e derrotaram os infiéis. (Na versão oral que me contaram, eram vinte Cristãos contra 400 Sarracenos e os Cristãos rezavam para pedir a Salvação (espiritual)).

Este templo surge referido já em 1192, integrado na doação que D. Sancho I fez a Petro heremite de SintriaNão se sabe ao certo que era este “Pedro”, mas há quem defenda que era Pêro Pais, Alferes-Mor de D. Afonso I.

Existe ainda em Colares a capela de S. Sebastião, que actualmente serve como capela mortuária da vila pois fica perto do cemitério.

Esta capela foi mandada construir por D. Manuel, que era grande devoto de S. Sebastião, santo mártir. Pouco mais se sabe a não ser que era o Santo a quem se solicitava guarida contra as pestes.

Sabe-se também, que em Sintra cujo orago era S. Martinho, a Câmara organizava uma procissão anual em honra de S. Sebastião, o que me leva a induzir que algures no tempo, a nossa zona poderá ter sido afectada em grande escala por algum surto pestífero.

A mudança de devoção deverá ter ocorrido com a construção da nova igreja (quinhentista), com a fundação da Paroquia no Séc. XVII, sendo influenciada por Cascais (ambas as vilas dependiam dos Castro), ou ainda com a criação da Instituição Santa Casa da Misericórdia, esta sem fins exclusivamente religiosos, de modo a evitar equívocos. Há ainda uma hipótese de haver dupla devoção e uma se tenha sobreposto há outra.

Apesar de incerto o motivo o que é facto é que a igreja de Santa Maria da Misericórdia cedeu lugar à paroquial de Nossa Senhora da Assunção.

Em 1623 foi instituída a Misericórdia de Colares por iniciativa de alguns colarejos e pela família Mello e Castro. Dona Isabel de Branches mulher de D. Francisco Mello e Castro deixou como testamento ao marido a doação de vinte mil réis por ano para a Igreja de Nossa Senhora da Misericórdia, construída perto do Pelourinho.







E hoje é assim Colares e os seus padroeiros.

Igreja Matriz no largo principal (igreja lindíssima com abóbada grande, oito capelas laterais e arco do triunfo) devota a Nossa Senhora da Assunção.





Capela à entrada de Colares, devota a São Sebastião. (a zona é conhecida como São Sebastião.)



Capela perto do Pelourinho devota a Nossa Senhora da Misericórdia.



Capela na quinta de Milides devota a Nossa Senhora de Milides.

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publicado às 07:57


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